segunda-feira, junho 26, 2006

Telhados


É Inverno. A chuva bate persistentemente no meu telhado de zinco. Lá fora dois gatos miam disputando a soleira de uma porta.
A chuva persiste...
Maldita chuva! pensei eu...
Mas não arredando pé da janela, sem saber porquê, talvez hipnotizado, talvez tão somente "enternecido" pelo som da chuva.
Lá fora continua a chover.
Partiras ainda há pouco, quando percebi que não queria que fosses.
Será já tarde?
De repente dei por mim a descer as escadas do meu prédio, velozmente, agora tinha uma missão!
Correndo pelas ruas da cidade nesta noite chuvosa, pensei e percebi que cá fora a chuva bate com muito mais intensidade, mas o seu barulho é suprimido pelo bater do meu coração desesperado de paixão...
-Não, espera! - supliquei-te eu, encharcado. Com as mãos e a cara no vidro do teu carro, gritei o teu nome, lhaste para mim, beijaste o vidro onde eu tinha os meus lábios, por segundos juro ter sentido o teu calor, mas logo te apressaste a olhar de novo em frente e partiste.
Desolado caí de joelhos no chão molhado e pus as mãos na cara: não sabia se era a chuva que me tinha molhado ou se foras tu...

J.M. (1998)

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